Confira entrevista de Duff McKagan para o G1


O G1, portal de notícias da Globo, entrevistou, nessa semana, o ex baixista do Guns N’ Roses, Duff McKagan. Em novembro, ele se apresentará em São Paulo, com o Loaded.


Confira a entrevista abaixo:
Entre os membros da formação original do Guns N’ Roses, o ex-baixista da banda Duff McKagan talvez seja um dos que melhor consegue se afastar da sombra do grupo de hard rock. Além dos inúmeros projetos paralelos, que já incluíram uma carreira-solo, grupos como 10 Minute Warning e Velvet Revolver e participações em discos de amigos e companheiros como Slash, Izzy Stradlin e Mark Lannegan, McKagan também encontra tempo para escrever, com uma coluna sobre música para o site Seattle Weekly e outra sobre economia para o site da revista "Playboy".
"Eu faço o que gosto, seja como músico, seja escrevendo, seja atravessando a rua. Tem que ser algo autêntico, nada que faça me sentir estranho ou que faça me sentir um ‘vendido’", explica McKagan por telefone em entrevista ao G1.

Ele vem para o Brasil com sua banda Duff McKagan’s Loaded para se apresentar em novembro no festival Maquinaria, em São Paulo. O projeto liderado por Duff existe desde 1999, e no lugar de tocar baixo, ele fica com a guitarra base e canta. "Para mim é mais fácil tocar guitarra e cantar ao mesmo tempo – não consigo fazer o mesmo com o baixo. Mas tenho sorte de ter contado com uma ótima banda, incluindo o Jeff Rouse, que é um grande baixista", elogia.


Duff diz também que ele próprio não é um exemplo típico de baixista de hard rock. "Sou diferente de caras como o Ian Hill, do Judas Priest, que fica na dele, só tocando a sua parte. Meu modelo de baixista é Paul Simonon, do Clash, que era o cara mais f... da banda".


Essa está longe de ser a primeira vez de McKagan no Brasil. Com o Guns N’ Roses esteve duas vezes no país, em 1991 e 1992, e voltou em 2007 com o Velvet Revolver, banda que reunia boa parte dos colegas da época do Guns, com o Stone Temple Pilot Scott Weiland nos vocais.

"Eu tento não criar expectativas quanto aos países nos quais tocamos – eu adoro viajar e sempre tenho boas experiências. Mas a história com o Brasil é incrível. Quando tocamos com o Guns aí em 91, nós não tínhamos ideia do quanto éramos famosos, não acreditamos quando lotamos o Maracanã por dois dias. Os fãs brasileiros são muito apaixonados por rock, e eu tive sorte de tocar para eles", relembra.

Grunge

Nascido em Seattle, Duff tocou em algumas bandas na cidade no começo da década de 80, incluindo as influentes The Living e Fastbacks. Em 85, aos 19 anos, se mudou para Los Angeles após ler um anúncio sobre uma banda local procurando um baixista – era o Road Crew, grupo do guitarrista Slash.


Eles logo entrariam para o recém-criado Guns N’ Roses, onde permaneceram até 1993 – seu último show com a banda será em Buenos Aires. No meio tempo a cena da sua cidade natal explodiu mundialmente, gerando a onde grunge no rastro do sucesso do Nirvana e tirando o hard rock (ou hair metal) de grupos como o Mötley Crüe das paradas.

"O grunge não afetou o Guns da mesma maneira que as bandas de hard rock da época. Nós éramos uma das maiores bandas do mundo naquele momento, estávamos tocando. Mas eu fiquei com um pouquinho de inveja – eu não precisava ter saído de Seattle para tocar rock!", lembra Duff.

Ele já disse que "Ainda ama Axl" em outras entrevistas, mas agora se recusa a falar sobre a versão atual do Guns. "Qualquer coisa que eu falasse, para qualquer jornalista em qualquer lugar do mundo logo se espalharia por toda a internet", se justifica.

Escrevendo

Escrevendo para o "Reverb", seção musical do Seattle Weekly, ele fala sobre sua carreira, escreve sobre lançamentos e clássicos do rock e até lembra de alguns momentos com o Guns – ele chegou a dar a sua versão sobre a famosa briga com o Nirvana no backstage dos VMAs em 1992, ao lado do ex-baixista do Nirvana e também colunista Chris Novoselic.


"Eu escrevo sobre a minha vida, às vezes estou com saudades dos meus filhos e falo deles. Hoje eu nem sabia sobre o que ia escrever até sentar no computador e começar a digitar", explica. Os textos de Duff são diretos e agradáveis, dignos de um profissional.

"Eu fui para a faculdade depois do Guns N’ Roses, quando eu já tinha uns 30 anos, e aí comecei a escrever a sério", conta. Segundo ele, escrever não é só vaidade – ajuda também a pagar as contas. Além do trabalho no Seattle Weekly, ele também mantém uma coluna on-line sobre economia no site da "Playboy" norte-americana chamada Duffonomics.

"Por que não escrever uma coluna sobre economia? Eu me formei em economia na faculdade, estamos passando por uma recessão, a economia está globalizada e eu gosto de observar isso. Eu lembro de estar no Brasil em 1991, acho, e o governo havia acabado de modificar a moeda, cortando alguns zeros. E eu tinha uma nota de 10 mil, e alguém me contou que na verdade ela valia 10 cruzeiros – depois eu descobri que estavam tentando combater a inflação", recorda.


"É interessante entender como funcionam as diferentes economias do mundo todo. Eu viajo muito e consigo conhecer melhor isso, saber como o mundo está lidando com essa globalização". Além de pensar em macroeconomia, ele também tenta equilibrar as contas da sua própria banda.

Mercado musical

"O mercado de música é muito diferente de antigamente. Nós tentamos ganhar algum dinheiro fazendo shows, mas nem isso sempre é possível – os caras do Loaded têm outros trabalhos para conseguir se sustentar, assim como eu", revela. "Cortamos custos, vendemos camisetas e discos nos shows. Indo para a América do Sul, damos sorte se conseguirmos empatar os custos, tentamos fazer uma outra turnê mais lucrativa para tentar compensar uma que não dê tanta grana", explica.

Refletindo sobre a realidade do mercado musical, Duff fala sobre como as atitudes mudaram. "Você fica torcendo para que uma música sua entre na trilha de um filme, de um comercial, ou que você consiga fazer uma turnê patrocinada. Há dez anos, isso seria ‘se vender’, mas hoje todo mundo faz isso".

Falando sobre download ilegal, o músico avisa que "nunca roubou nenhuma música pela internet". "Eu compro muitos discos, e nunca deixei meus filhos baixarem músicas ilegalmente. As pessoas devem baixar alguma música minha pensando, ‘ah, esse cara já tem muito dinheiro’. Bom eu não tenho muito dinheiro – fizemos bastante dinheiro na época do Guns, mas não fiquei rico, tinha vinte e poucos anos. Se fosse hoje, com a minha experiência, tenho certeza que teria ficado com bem mais dinheiro".






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